quinta-feira, 8 de maio de 2008

Homenagem ex combatentes da FEB - 2007

Clique abaixo par ver reportagem eletrônica do Jornal Alto Paraniba
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PALESTRA DO EX-COMBATENTE DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL LEÔNIDAS MACEDO FILHO ALUSIVA AOS SESSENTA E DOIS ANOS DO DIA DA VITÓRIA DOS ALIADOS

Eram dois de julho da manhã de 1944. O General Mann, navio transporte de tropa norte-americano, cruzava a barra da Baía de Guanabara e iniciava a travessia do oceano atlântico. A bordo pracinhas Brasileiros, que pela primeira vez na história, constituíam uma força militar sul americana, que partiam para combater em terras de ultra mar.

A grande maioria dos soldados eram humildes, sem escolaridade, pertenciam às camadas mais pobres da sociedade e procediam do interior, do morro do engenho, das selvas e dos seringais, das margens crespas dos rios, assim como dos verdes mares bravios da sua terra natal. Muitos também não possuíam noção do risco e da importância da missão a eles confiada. Lá iam, oficiais e praças, enfrentar, ao lado de aliados experientes, soldados de um dos exércitos mais respeitados do mundo.

Constituía-se assim o primeiro escalão da Força Expedicionária Brasileira, ao qual, outros três haveriam de seguir, o último tendo zarpado em 8 de fevereiro de 1945. O Brasil reconhecera, em 22 de agosto de 1942, o estado de beligerância com a Alemanha e a Itália.

Já não tinha sido em tempo. O Araraquara, o Aníbal Benévolo, o Itagiba, o Baependi e o Arará haviam sido torpedeados os entre 14 e 17 de agosto daquele ano, enquanto singravam os mares em legítima e pacífica navegação de cabotagem. Mais de seiscentas vidas ceifadas pelos submarinos do Eixo. A opinião pública, tendo à frente a juventude, exigira do governo o revide à cruel e covarde agressão.

E em Nápoles aportaram os pracinhas. Haviam saído da boa terra do coco, da choupana onde um é pouco, dois é bom, três é demais. Provinham das praias sedosas, das montanhas alterosas, do pampa e dos cafezais. Homens simples, integrantes de um Exército que sofrera rápido processo de adaptação a novas armas, a técnicas e a táticas recém-introduzidas a Força.

Não chegaram sós. Com os soldados de Caxias, na Europa apresentaram-se também as asas da Força Aérea Brasileira, habilmente manejadas pelos homens do 1º Grupo de Aviação de Caça e da Esquadrilha de Ligação e Observação. E combateram nossos pracinhas e aviadores. Venceram. A epopéia começou a ser escrita em Camaiore, Monte Prano, Fornaci e Galicano-Barga. Prosseguiu com as conquistas notáveis de Monte Castelo, Montese, Zocca, Colecchio e Fornovo. Foi encerrada em Piacenza, Alessandria, Turin e Susa.

Aqueles Brasileiros, armas na mão, coragem na alma, estavam convencidos da causa da liberdade, tão querida nesta terra das Minas Gerais, da qual partiu o Alferes Tiradentes para imortalizar no coração de cada brasileiro. Nossos pracinhas haviam levado, junto a seus uniformes e equipamentos, a crença de que, por mais terras que tivessem que percorrer, Deus não haveria de permitir que morressem sem que voltassem para lá, para sua casa branca da serra, para o luar do seu sertão, para sua Maria, cujo nome principiava na palma das suas mãos. Venceram aqueles bravos.

Trouxeram por divisa o “V” da vitória. Aqueles duzentos e trinta e nove dias de ação cobraram-nos, a todos nós brasileiros, o sangue de treze oficiais, de quatrocentos e trinta praças, e de oito oficiais da Força Aérea. Mil cento e quarenta e cinco foram feridos ou acidentados, e trinta e cinco dos nossos caíram prisioneiros do inimigo. Ao final da guerra, quando nossos soldados retornaram aos lábios de mel de Iracema e aos braços mornos de Moema, estendidos para eles, puderam nos contar, com justificado orgulho, que haviam cercado e capturado a famosa 148ª Divisão de Infantaria Alemã, além de remanescentes da Divisão Bersaglieri Itália e da 90ª Divisão Panzer.

Outros tantos dos nossos ocuparam o Teatro de Operações do Nordeste ou integraram o Sistema de Defesa da Costa, tendo cumprido missão de vigilância de nosso extenso litoral e ilhas oceânicas. Entrementes, a Marinha do Brasil proveu segurança ao transporte marítimo, com emprego total da esquadra nas águas azuis que banham nossas praias.

Passados sessenta e dois anos do oito de maio de 1945, o Dia da Vitória, promove o Rotary Club de Campos Altos esta reunião especial, tão oportunamente promovida para homenagear os ex combatentes da FEB e especialmente os de C. Altos.

Sob o mesmo sentimento de nacionalismo e vontade de nossa sociedade, animados pela firme disposição de defender nossa liberdade e nossa soberania contra uma ideologia totalitária, fratricida e extremada, os ex combatentes da FEB arriscaram seu bem mais precioso, a vida, pelas gerações que os sucederam.

Alguns desses homens estão aqui conosco. São gente da terra querida da Senhora Aparecida e do Senhor do Bonfim. São gente que tem a Pátria no bojo do seu violão, que havia deixado para trás seu terreiro, seu limão, seu limoeiro, seu pé de jacarandá.

Havia sentido saudade de uma casa pequenina, lá no alto da colina, onde canta o sabiá. São gente que está conosco, encanecida, octogenária, ostentando orgulhosamente suas condecorações, jovens em seus corações de veteranos e ex-combatentes.

Aos integrantes e direção deste laborioso Clube, em nome do exército Brasileiro, de oficiais e praças, que temos o privilegio de servir no quartel general e sessão de base, o aplauso sincero por haverem promovido esta reunião evocativa dos feitos da Forças Armadas Brasileiras na segunda guerra mundial.

Aos estimados veteranos da Forças Expedicionária Brasileira, aos ex combatentes de terra, mar e ar, a mensagem dos soldados de hoje de que nós sempre aprendemos nas paginas das história que eles escreveram.

Permaneçamos pois, Campos-Altenses, companheiros rotarianos e os soldados de hoje firmes na fé que as gerações, que sucedem aos vitoriosos de 8 de maio de 1945 amam, como eles, o País do verde mais belo, dourado mais amarelo, do azul mais cheio de luz, cheio de estrelas prateadas, que se ajoelham deslumbradas fazendo o sinal da cruz.

Preservemos a terra de Santa Cruz plena da liberdade que nossos pracinhas defenderam para nós.

Parabéns ! Que Deus sempre nos abençoe e proteja. Muito Obrigado.

(*) Pronunciamento do Sr. Leônidas Macedo Filho, durante a reunião especial do Rotary Club de Campos Altos ocorrida em 10/05/07. Texto adaptado á Canção do Expedicionário de Guilherme de Almeida.

O Autor é Tenente da Reserva do Exército Brasileiro, contador, comerciante, fazendeiro, Ex combatente da FEB na Segunda Guerra Mundial, Ex Presidente dos diretórios municipais da UDN e PDS, Presidente Fundador e Primeiro eleito do Rotary Club de Campos Altos, Ex Vereador, Ex- Presidente da Câmara Municipal e Ex Prefeito Municipal de Campos Altos.

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